O SER NEGRO EM PELE NEGRA, MÁSCARAS BRANCAS, DE FRANTZ FANON
Palavras-chave:
Frantz Fanon, Pele Negra Máscaras Brancas, Historiografia Negra, HistóriaResumo
A partir de referenciais teóricos da intelectualidade negra brasileira, dos acadêmicos pós-coloniais e da decolonialidade, o presente escrito é um exercício historiográfico, fundamentado em pesquisa documental e interpretativo-comparativa, em que o centro da discussão é Pele Negra, Máscaras Brancas (2008), do martinicano psiquiatra negro Frantz Fanon. Recusada como tese de doutorado, Pele Negra desmascara o racismo na área da psiquiatria, bem como em solo francês, conceituando complexo de superioridade e complexo de inferioridade. Neste artigo, atentemo-nos a estrutura da obra e quais reflexões são centrais para que entendamos as relações conflituosas entre brancos e negros, que tem por prisma os lugares de colonizadores e colonizados como orquestradores do presente desigual e violento. Lembrar, interpretar e citar Fanon (2008) é tarefa fundamental para os movimentos e intelectuais negros brasileiros, estando nós em uma academia brancocêntrica e colonialista. Trazer Pele Negra para o debate historiográfico é decolonizar também a história, ainda majoritariamente masculina, branca e heteronormativa. Dessa forma, do ponto de vista teórico-metodológico vale afirmar: a historiografia proposta é negra.
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