INTERSECCIONALIDADE NAS ORGANIZAÇÕES

UM ESTUDO PELAS LENTES DA REDUÇÃO SOCIOLÓGICA

Autores

  • Karina Francine Marcelino Universidade do Estado de Santa Catarina - Udesc
  • Mário César Barreto Moraes Universidade do Estado de Santa Catarina - Udesc

Palavras-chave:

Interseccionalidade, Redução, Redução Sociológica, Reducionismo

Resumo

O objetivo deste estudo é fazer uma transposição da concepção de interseccionalidade para a área da administração. Para tanto, utilizando-se do contexto das organizações e a metodologia da Redução Sociológica proposta por Alberto Guerreiro Ramos, este estudo visa apresentar uma transposição desse conceito sociológico criado nos Estados Unidos para o campo organizacional brasileiro, de maneira apropriada. Após um resgate da metodologia da redução sociológica, buscou-se compreender a concepção da interseccionalidade nas organizações a partir dessa metodologia. Como conclusão, tem-se que ocorrer um reducionismo com a apreensão do conceito de interseccionalidade no campo organizacional, pois se limitam a conceituar raça/etnia, gênero e sexualidade como práticas sociais apenas, sem relacioná-las às práticas organizacionais. Além disso, as condições estruturais do Brasil, lócus desse estudo, diferem-se do contexto estadunidense. Dessa forma, ao realizar a transposição desse conceito, deve-se considerar a posição adotada pelo país frente ao racismo e que a reprodução das desigualdades se faz presente nos níveis hierárquicos, na divisão de cargos e tarefas, no recrutamento e seleção, na definição dos salários, no monitoramento bem como nas interações informais.

Biografia do Autor

Karina Francine Marcelino, Universidade do Estado de Santa Catarina - Udesc

Discente de Doutorado no Programa de Pós-graduação em Administração da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Mestra em Administração e Graduada em Administração Pública pela Udesc. E-mail: karinamarcelino@gmail.com.

Mário César Barreto Moraes, Universidade do Estado de Santa Catarina - Udesc

Possui graduação em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Santa Catarina (1982), graduação em Administração pela Universidade do Estado de Santa Catarina (1987), mestrado em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Santa Catarina (1997) e doutorado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (2001). Conselheiro do Conselho Estadual de Educação do Estado de Santa Catarina - CEE-SC (2011-2023). Membro do Conselho Consultivo da Associação Nacional dos Cursos de Graduação em Administração - ANGRAD. Presidente da Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior - CONAES/MEC (2019-2022). Presidente do CACS/FUNDEB de Santa Catarina (2017-2019). Membro da Comissão UNIEDU/FUMDES - Programa de Bolsas Universitárias do Estado de Santa Catarina. Presidente da Associação Nacional dos Cursos de Graduação em Administração - ANGRAD (2014-2026). Professor titular da Universidade do Estado de Santa Catarina - ESAG/UDESC. Diretor Geral da ESAG/UDESC (2010-2014); Diretor de Pesquisa e Pós-Graduação da ESAG/UDESC (2004-2006); Coordenador do Programa de Pós-Graduação Profissional em Administração da ESAG/UDESC (2021-2023; 2015-2018; 2006-2009; 2002-2004). Tem experiência na área de Administração e de Engenharia, em Ensino e em Estratégia, atuando principalmente nos seguintes temas: administração, educação, avaliação, ensino superior, educação básica e pareceres técnicos na área de educação e de legislação e normas do ensino superior. 

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Publicado

2025-01-09

Como Citar

Marcelino, K. F., & Moraes, M. C. B. (2025). INTERSECCIONALIDADE NAS ORGANIZAÇÕES: UM ESTUDO PELAS LENTES DA REDUÇÃO SOCIOLÓGICA. Revista Em Favor De Igualdade Racial, 8(1), 120–134. Recuperado de https://periodicos.ufac.br/index.php/RFIR/article/view/7657

Edição

Seção

ARTIGOS