SOLIDÃO E AMOR

É POSSÍVEL AMAR UMA MULHER NEGRA?

Autores

  • Camila de Freitas Moraes Garcia Universidade Católica de Pelotas - UCPEL
  • Cristine Jaques Ribeiro Universidade Católica de Pelotas - UCPEL
  • Roseane Torres de Madeiro Universidade Federal do Pará - UFPA

Palavras-chave:

AMOR, SOLIDÃO, MULHER, NEGRA

Resumo

O texto tem como fim discutir as dinâmicas dos relacionamentos afetivo-sexuais das mulheres negras, contextualizado a partir do racismo estrutural no Brasil. Ao utilizar dados históricos, políticos e sociais como material de análise, busca-se evidenciar os modos pelos quais opera a colonialidade no corpo das mulheres negras. A colonialidade refere-se aos sistemas de opressão, dominação e exploração que surgiram a partir do colonialismo e continuam a impactar as sociedades contemporâneas, especialmente em relação aos corpos das mulheres negras. O objetivo central é compreender como o racismo estrutural brasileiro influencia a construção e a vivências dos relacionamentos afetivo-sexuais dessas mulheres, muitas vezes resultando em sentimentos de solidão. Para tal análise, é adotada uma abordagem psicossocial que considera os aspectos históricos, sociais e psíquicos que moldaram a experiência da população negra no Brasil. A análise desses dados permite observar como as práticas coloniais continuam a influenciar as vidas das mulheres negras. Ao trazer à tona essas questões, o artigo contribui para uma reflexão crítica sobre as disparidades raciais e de gênero no Brasil, que contiguamente influenciam as práticas que regulam e disciplinam a vida da mulher negra, muitas vezes colocando-a em uma posição de nulidade ou preterimento.

Biografia do Autor

Camila de Freitas Moraes Garcia, Universidade Católica de Pelotas - UCPEL

Doutora e Mestra em Política Social pela Universidade Católica de Pelotas (UCPEL). Graduada em Psicologia pela Escola Superior da Amazônia (Esamaz). E-mail: camilapsi.moraes@yahoo.com.br.

Cristine Jaques Ribeiro, Universidade Católica de Pelotas - UCPEL

Graduação em Serviço Social pela Universidade Católica de Pelotas (1997) Mestrado em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2000) Doutorado em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2007). Professora Adjunta da Universidade Católica de Pelotas. Tem experiência na área de Serviço Social, com ênfase em Movimentos Sociais Populares, atuando principalmente nos seguintes temas: Segurança alimentar e nutricional, Soberania alimentar, Direito à cidade, Reforma Agrária e Reforma Urbana. Atualmente coordena o grupo de estudos e pesquisa Questão Agrária, Urbana e Ambiental e Observatório dos conflitos da Cidade vinculados ao Curso de Serviço Social e Pós-graduação em Política Social e Direitos Humanos da Universidade Católica de Pelotas. Integrante da Coordenação do Fórum em Defesa da Soberania e Segurança Alimentar no município de Pelotas. Integrante da Coordenação do Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional de Pelotas. Integrante do Núcleo Docente Estruturante do Curso de Serviço Social/ UCPel.

Roseane Torres de Madeiro , Universidade Federal do Pará - UFPA

Psicanalista. Psicóloga. Possui Graduação em Bacharelado em Psicologia pela Universidade da Amazônia (2003), Graduação em Curso de Psicologia pela Universidade da Amazônia (2005),Graduada em Filosofia pela Universidade Federal do Pará (2021); Especialização em Curso de Especialização em Saúde da Família (2006), Curso de MBA de Formação Avançada de Consultores (2010), Mestrado em Psicologia pela Universidade Federal do Pará (2013), Doutorado em Psicologia pela Universidade Federal do Pará (2019). Autora do livro "Psicanálise, verdade e abuso sexual infantil" (2020). Tem experiência na área de psicologia clínica, psicologia da saúde, psicologia jurídica e docência no ensino superior.

Referências

AGAMBEN, Giorgio. Homo Sacer: O poder soberano e a vida nua I. Tradução de Henrique Burigo. 2ª ed. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010.

ALMEIDA, Silvio Luiz de. O que é racismo estrutural? Belo Horizonte (MG): Letramento, 2018.

BAUMAN, Zigmunt. Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de Janeiro: Zorge Zahar Editor, 2004.

BUTLER, Judith. Quadros de guerra – Quando a vida é passível de luto? Tradução Sérgio Tadeu de Niemeyer Lamarão e Arnaldo Marques da Cunha; revisão de tradução de Marina Vargas; revisão técnica de Carla Rodrigues. 1ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2015.

CARNEIRO, Sueli. A Construção do Outro como Não-Ser como fundamento do Ser. Feusp, 2005.

DAVIS, Angela Yvonne. Mulheres, Raça e Classe.1ª ed. São Paulo: Editora Boitempo, 2016.

FREUD, Sigmund. (1996). Sobre o narcisismo: uma introdução. In Edição standard brasileira das obras completas de Sigmund Freud (V. XIV, pp. 75-109). Rio de Janeiro: Imago (Trabalho original publicado em 1914).

GEERTZ, Clifford. Nova luz sobre a antropologia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.

HOOKS, Bell. Vivendo de amor. In: WERNECK, Jurema; MENDONÇA, Maisa; WHITE, Evelyn C. (orgs.). O livro da saúde das mulheres negras. Nossos passos vêm de longe. Rio de Janeiro: Pallas: Criola, p. 188 198, 2000.

MBEMBE, Achille. Necropolítica. São Paulo: N-1 edições, 2018.

NASCIMENTO, Abdias. O genocídio do negro brasileiro: processo de um racismo mascarado. São Paulo: Editora Perspectiva, 2016.

PACHECO, Ana Cláudia Lemos. “BRANCA PARA CASAR, MULATA PARA F...., NEGRA PARA TRABALHAR”: ESCOLHAS AFETIVAS E SIGNIFICADOS DE SOLIDÃO ENTRE MULHERES NEGRAS EM SALVADOR, BAHIA. Campinas. 2008. Disponível em: < http://www.repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/280705>. Acessado em 20 de dezembro de 2023

ROLNIK, Suely. (2014). Cidade: entrevista com Suely Rolnik [Entrevista]. Territórios de Filosofia. Disponível em: <https://territoriosdefilosofia.wordpress.com/2014/10/24/entrvista-suely-rolnik-suely-rolnik/>. Acessado em 20 dedezembro de 2023.

SOUZA, Claudete Alves da Silva. A solidão da mulher negra: sua subjetividade e seu preterimento pelo homem negro na cidade de São Paulo. 2008. 174 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2008.

Downloads

Publicado

2025-01-09

Como Citar

Garcia, C. de F. M., Ribeiro, C. J., & Madeiro , R. T. de. (2025). SOLIDÃO E AMOR: É POSSÍVEL AMAR UMA MULHER NEGRA?. Revista Em Favor De Igualdade Racial, 8(1), 28–39. Recuperado de https://periodicos.ufac.br/index.php/RFIR/article/view/7478

Edição

Seção

ARTIGOS