A SOLIDÃO DA MULHER NEGRA
ESTUDOS DE CASO NO BIG BROTHER BRASIL DE 2022 E 2023
Palavras-chave:
Solidão da mulher negra, Preterimento, Big Brother BrasilResumo
Este artigo apresenta estudos de caso na confluência das epistemologias e ontologias afro-diaspóricas acerca do preterimento da mulher negra (Souza, 2008; Pacheco, 2008; Valim de Melo, 2022). O objetivo deste estudo é problematizar o preterimento da mulher negra no Big Brother Brasil (BBB) 2022 e 2023. Para tanto, adotou-se uma metodologia qualitativa cujo corpus é composto por duas situações ocorridas no reality show nos dois últimos anos. Diante disso, analisou-se os discursos, as disposições corporais e as expressões faciais das/os participantes do programa envolvidas/os nas situações para construir um diálogo entre as narrativas delineadas. Como aporte teórico, destacamos intelectuais negras/os como bell hooks (2022), Carla Akotirene (2019), Frantz Fanon (2008), Hill Collins e Bilge (2021), Isildinha Baptista Nogueira (2021) e outras/os. Após análise das fontes, a partir da problemática instaurada da solidão da mulher negra, observou-se que as intersecções de raça, gênero e classe são naturalizadas no imaginário coletivo da sociedade brasileira. Além disso, programas como o BBB servem como espelho para disseminar o status quo, que reforça o lugar da branquitude, o locus social de privilégios de sujeitos determinados historicamente como merecedores de afetos na sociedade patriarcal.
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