RACISMO AMBIENTAL, JUSTIÇA AMBIENTAL E MUDANÇAS CLIMATICAS NO BRASIL

UMA ANÁLISE DOS RELATÓRIOS ANUAIS DOS OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL

Autores

  • Rhadson Rezende Monteiro Universidade Federal do Recôncavo da Bahia - UFRB; Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC
  • Magnison dos Santos Universidade Federal do Recôncavo da Bahia - UFRB
  • Jade Oliveira Ramos Souza Universidade Federal do Recôncavo da Bahia - UFRB
  • Mauricio Borges Vieira Borges Vieira Universidade Federal do Recôncavo da Bahia - UFRB

DOI:

https://doi.org/10.29327/269579.6.3-9

Palavras-chave:

Racismo Ambiental, Justiça Ambiental, ODS, Mudanças Climaticas, Vulnerabilidade social

Resumo

O estudo aborda a problemática do racismo ambiental, destacando os impactos negativos e desproporcionais enfrentados por comunidades indígenas, quilombolas, ribeirinhas e periféricas no Brasil. Esse conceito, originada na década de 1980 nos Estados Unidos, é entendido como uma extensão do racismo estrutural e caracteriza-se pela exposição desigual de grupos racializados a riscos ambientais e falta de acesso a recursos naturais saudáveis. No cenário brasileiro, essa problemática é amplificada pelas desigualdades sociais e raciais historicamente enraizadas. O principal objetivo da pesquisa é examinar as políticas públicas brasileiras voltadas para o combate ao racismo ambiental, baseando-se nos relatórios anuais dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas, entre 2017 e 2021. Estes relatórios, no entanto, mostraram insuficiências na apresentação de informações claras sobre políticas de enfrentamento ao racismo ambiental. Para complementar a análise, foi adotada uma abordagem quali-quantitativa, utilizando dados do Índice de Vulnerabilidade Social do IPEA. Os resultados indicam que, apesar da existência dos ODS como marcos de desenvolvimento, há lacunas nas políticas públicas brasileiras relacionadas ao racismo ambiental. Tais lacunas impactam diretamente comunidades marginalizadas, intensificando as desigualdades históricas e a vulnerabilidade ambiental. Para um desenvolvimento sustentável e equitativo, é essencial a implementação de políticas mais eficazes, considerando a perspectiva das comunidades afetadas e garantindo sua participação ativa nas soluções.

Biografia do Autor

Rhadson Rezende Monteiro, Universidade Federal do Recôncavo da Bahia - UFRB; Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC

Doutor em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela Associação Plena em Rede (UFRN, UFPI, UFC, UFPB, UFPE, UFS, UESC, a UFERSA) PRODEMA/UESC. Discente de doutorado no Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade Federal de Santa Catarina (PPGD/UFSC). Mestre em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Graduado em Direito e em História pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Professor na Universidade Federal do Reconcavo da Bahia (UFRB) e Analista na Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC).

Magnison dos Santos, Universidade Federal do Recôncavo da Bahia - UFRB

Discente no Curso de Agronomia da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). Técnico em Agropecuária pela Casa Familiar Rural de Presidente Tancredo Neves (CFR-PTN).

Jade Oliveira Ramos Souza, Universidade Federal do Recôncavo da Bahia - UFRB

Discente no Curso de Agronomia da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB).

Mauricio Borges Vieira Borges Vieira, Universidade Federal do Recôncavo da Bahia - UFRB

Discente no Curso de Licenciatura em Biologia da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB).

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Publicado

2023-11-20

Como Citar

Monteiro, R. R., Santos, M. dos, Souza, J. O. R., & Borges Vieira, M. B. V. (2023). RACISMO AMBIENTAL, JUSTIÇA AMBIENTAL E MUDANÇAS CLIMATICAS NO BRASIL: UMA ANÁLISE DOS RELATÓRIOS ANUAIS DOS OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL. Revista Em Favor De Igualdade Racial, 6(3), 117–132. https://doi.org/10.29327/269579.6.3-9

Edição

Seção

ARTIGOS