COMPARATISMO DOS CORPOS FEMININOS NEGROS EM MENINO DE ENGENHO E BECOS DA MEMÓRIA
Palavras-chave:
Literatura Comparada, Corpos femininos, Estigmas culturaisResumo
O presente trabalho é o resultado da análise dos estereótipos encontrados nas obras Menino de Engenho, de José Lins do Rego, e Becos da Memória, de Conceição Evaristo, e como objeto de análise as personagens Zefa Cajá e Cidinha Cidoca das obras respectivas, atendo-se à temática da prostituição nos diferentes contextos de construção literária sob a perspectiva da Literatura Comparada. Objetivou traçar as transcrições de uma sociedade que, silenciada pelos dispositivos de poder heteropatriarcal, perpassa a cultura de opressão aos corpos femininos pretos, agregando-os unicamente ao erotismo descartável em espaços que veiculam as mais diversas subalternidades. O contexto pelo qual as personagens em análise se colocam ao dispor os seus corpos não é primado pela liberdade de escolha, mas pelas condições precárias de sobrevivência que atravessam a realidade vivida e por isso se põem assim. De um lado, Carlos de Melo exibe a sexualidade desenfreada atribuindo à Zefa o estereótipo heteropatriarcal que enxerga a mulher “mundana” porque preta-prostituta. De outro, Maria Nova apresenta a Cidinha Cidoca numa visão eufemizada do machismo-racismo, a mulher de “rabo-de-ouro”. O método de pesquisa adotado foi a revisão bibliográfica, tendo como fonte artigos, livros, tese e organizadas em fichamentos para análise qualitativa-interpretativa. O respaldo teórico é pautado nas teorias de Brunel; Pichois e Rousseau (1990), Nitrini (2021), Carvalhal (2006), Bhabha (2013), Costa (2020), Oliveira e Santos (2020), Spivak (2010) e outros.
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