DITOS E NÃO DITOS SOBRE A CONSTITUIÇÃO HISTÓRICA DA CIDADE DE RIO BRANCO – AC

ALGUMAS ABORDAGENS DECOLONIAIS

Autores

  • Sergio Roberto Gomes de Souza Universidade Federal do Acre - Ufac http://orcid.org/0000-0002-2550-9984
  • Eurilinda Maria Gomes Figueiredo
  • Daniel Iberê Alves da Silva Universidade de Brasília - UnB

DOI:

https://doi.org/10.29327/269579.6.3-11

Palavras-chave:

Amazônia acreana. Colonialidade. Racialização.

Resumo

A proposta deste artigo é realizar diálogos/problematizações com diferentes narrativas que tratam sobre a constituição histórica da cidade de Rio Branco – AC, considerando a publicação do Decreto Municipal nº 1920, de 28 de dezembro de 2022, que institui Grupo de Trabalho com o intuito de revisar a data de “origem” da localidade, tendo como referências marcos cronológicos relacionados a ações de colonização destes espaços, desenvolvidas por agentes privados e públicos, entre o final do século XIX e início do século XX, recorte cronológico aqui trabalhado. Estes movimentos são, fundamentalmente, marcados por processos de exclusão/silenciamento, assentes em uma colonialidade do poder, do saber e do ser de populações que viviam/ vivem nestes espaços antes da expansão da empresa gumífera, sujeitos que foram vitimados e resistiram à práxis de violência característica da modernidade. Como fontes históricas, utilizamos jornais editados no então Território Federal do Acre, dialogando/problematizando com esses documentos referenciados pelos estudos Pós-Coloniais Latino-Americanos, através de autores como Anibal Quijano (2005), Enrique Dussel (1993; 2005), Walter Mignolo (2017) e Edgardo Lander (2005), assim como produções acadêmicas que tratam sobre a constituição das cidades, com destaques para os escritos de Michel de Certeau (1988), Maria Stella Bresciani (2002) e Richard Sennett (1994).

Biografia do Autor

Sergio Roberto Gomes de Souza, Universidade Federal do Acre - Ufac

Pós-Doutorado em História da Amazônia pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Doutor em História Social pela Universidade de São Paulo (USP). Mestre em História pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Graduado em História pela Universidade Federal do Acre (Ufac). Professor Associado da área de História da Ufac.

Eurilinda Maria Gomes Figueiredo

Educadora, mediadora e articuladora da Cultura. Graduada em Licenciatura em Letras - Língua Portuguesa. pela Universidade Federal do Acre (Ufac).

Daniel Iberê Alves da Silva, Universidade de Brasília - UnB

Indígena do povo M’byá Guarani. Discente de doutorado no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade de Brasília (UnB). Mestre em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Graduado em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Acre (Ufac).

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Publicado

2023-11-20

Como Citar

Souza, S. R. G. de, Figueiredo, E. M. G. ., & Silva, D. I. A. da. (2023). DITOS E NÃO DITOS SOBRE A CONSTITUIÇÃO HISTÓRICA DA CIDADE DE RIO BRANCO – AC: ALGUMAS ABORDAGENS DECOLONIAIS. Revista Em Favor De Igualdade Racial, 6(3), 147–160. https://doi.org/10.29327/269579.6.3-11

Edição

Seção

ARTIGOS