ENSINO DE HISTÓRIA E DECOLONIALIDADE
PROPOSTA E EXPERIÊNCIA DA ESCOLA AFRO-BRASILEIRA MARIA FELIPA
DOI:
https://doi.org/10.29327/269579.6.2-8Palavras-chave:
Ensino de História, Colonialidade, Decolonialidade, Escola Afro-Brasileira Maria FelipaResumo
O presente artigo reflete sobre as aproximações entre a ciência da história, o seu ensino e a decolonialidade: releitura crítica de contextos políticos, sociais e históricos da América Latina, das estruturas de poder e saber que herdamos do antigo sistema colonial cujas lógicas ainda dominam nossa contemporaneidade. Com esse objetivo, analisamos a proposta educacional da Escola Afro-Brasileira Maria Felipa, fundada em 2018, em Salvador, na Bahia, que organiza todo o seu currículo — e não somente o do ensino de História — a partir de uma perspectiva decolonial. Realizamos revisão de literatura sobre a colonialidade e a decolonialidade, com Quijano (2009), Walsh (2013) e Ballestrin (2013); a história e seu ensino, com de Ramallo (2016; 2017) e Azevedo (2020) bem como, tomamos como base a perspectiva reflexiva de Passos e Pinheiro (2021) sobre os primeiros anos de existência da escola. Sobressaindo, então, três resultados: 1) um panorama histórico e epistemológico dos conceitos de colonialismo, colonialidade e decolonialidade, seus fundamentos, em especial no diálogo com a educação; 2) reflexão sobre quais características assumiria um ensino de história decolonial e 3) ponderação sobre a proposta/experiência de ensino de história constituída no Projeto Político-Pedagógico (2020) da Escola Afro-Brasileira Maria Felipa. Concluímos como é evidente a vocação da ciência histórica e do seu ensino bem como da perspectiva decolonial, em reconhecer e questionar as estruturas do passado apresentadas como “naturais”, de modo a desnaturalizá-las.
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