AS ROTAS DE COMÉRCIO INDÍGENA NA MONTAGEM DA ECONOMIA DAS DROGAS DO SERTÃO AMAZÔNICO (1683-1706)

Autores

  • André José Santos Pompeu Universidade Federal do Pará

DOI:

https://doi.org/10.29327/269579.4.3-3

Palavras-chave:

Comércio indígena, Cultura de mobilidade, Drogas do sertão

Resumo

O presente trabalho versa sobre a participação indígena na montagem da economia das drogas do sertão, durante o reinado de D. Pedro II. As drogas do sertão são consideradas como a principal atividade econômica da Amazônia colonial, além de possuir uma mão de obra, eminentemente, indígena, no entanto, a historiografia costuma remeter apenas aos índios o papel de remeiros nessa economia. O presente trabalho pretende indicar que o papel indígena na economia do sertão não se limitava a apenas remar as canoas, mas que as redes e rotas de comércio foram preponderantes para a montagem desta economia, conectando diferentes nações indígenas, com os diferentes grupos europeus que vinham se assentando no vale amazônico desde o século XVI. O presente trabalho conta com o conceito de “cultura de mobilidade”, cunhado por Heather Roller (2014), que indica que os indígenas desenvolveram uma cultura de mobilidade na Amazônia colonial, pela liberdade que as atividades do sertão permitiam, sendo o caso aqui, a liberdade que as rotas comerciais permitiam aos grupos indígenas, nesse momento de montagem da economia do sertão.

Biografia do Autor

André José Santos Pompeu, Universidade Federal do Pará

Doutorando em História, pelo Programa de Pós-graduação em História Social da Amazônia. Com experiência nas áreas de História colonial, História da Amazônia, História Econômica, História Indígena e História da América. Membro dos grupos de pesquisa: História Indígena e do Indigenismo na Amazônia (HINDIA), da UFPA e Impérios Ibéricos no Antigo Regime: política, sociedade e cultura, da UFRRJ. 

Referências

FONTES MANUSCRITAS

Arquivo Histórico Ultramarino;

Avulsos do Maranhão;

“Consulta do Conselho Ultramarino para o rei D. Pedro II, sobre a carta do ex-vigário provincial do Carmo no Estado do Maranhão, fr. Vitoriano Pimentel, referente às missões dos rios Negro e Amazonas”. 14/11/1705. Arquivo Histórico Ultramarino, Avulsos do Maranhão, Cx. 10, doc. 1082.

“Consulta do Conselho Ultramarino para o rei D. Pedro II, sobre a opinião do governador do Maranhão, Antônio Albuquerque Coelho de Carvalho, acerca das casas fortes que os castelhanos andam a construir no Maranhão”. 20/12/1695. Arquivo Histórico Ultramarino, Avulsos do Maranhão, Cx. 8, doc. 901.

“Consulta do Conselho Ultramarino para o rei d. Pedro II, sobre o governador do Maranhão, Antônio de Albuquerque Coelho de Carvalho, ter passado o rio das Amazonas e o Cabo do Norte”. 14/11/1697. Arquivo Histórico Ultramarino, Avulsos do Maranhão, Cx. 9, doc. 949.

“Consulta do Conselho Ultramarino para o rei d. Pedro II, sobre o resgate de índios cativos no Maranhão”. 02/12/1686. Arquivo Histórico Ultramarino, Avulsos do Maranhão, Cx. 7, doc. 763.

“Consulta do Conselho Ultramarino, para o rei d. Pedro II, sobre uma carta do governador do Maranhão, Francisco de Sá e Meneses, dando conta de vários descobrimentos que tem mandado fazer”. 13/04/1684. Arquivo Histórico Ultramarino, Avulsos do Maranhão, Cx. 5, doc. 697.

Avulsos do Pará;

“Carta do governador Francisco de Sá e Meneses para o rei d. Pedro II, sobre os descobrimentos que mandou fazer de drogas no sertão”. 30/12/1683. Arquivo Histórico Ultramarino, Avulsos do Pará, Cx. 3, doc. 219.

“Consulta do Conselho Ultramarino para ao rei D. Pedro II, sobre as informações prestadas pelo ouvidor-geral do Maranhão, Miguel da Rosa Pimentel, referente às execuções dos índios acusados de matar os padres da companhia no Cabo do Norte”. 31/05/1688. Arquivo Histórico Ultramarino, Avulsos do Pará, Cx. 3, doc. 271.

BIBLIOGRAFIA

ALDEN, Dauril. “The significance of cacao production in the Amazon Region during the late colonial period: an essay in comparative economic history.”. In: Proceedings of the American Philosophical Society, vol. 120, nº 2, 1976, pp. 103-135.

ALENCASTRO, Luiz Felipe de. O trato dos viventes: formação do Brasil no Atlântico Sul. São Paulo: Cia das Letras, 2000.

ARENZ, Karl Heinz; MATOS, Frederik Luizi Andrade de. “'Informação do Estado do Maranhão': uma relação sobre a Amazônia portuguesa no fim do século XVII”. In: Revista do Instituto Histórico e Geographico Brazileiro, v. 175, p. 349-380, 2014.

AZEVEDO, João Lúcio de. Os Jesuítas no Grão-Pará: suas missões e a colonização. Lisboa: Tavares Cardoso, 1901.

CHAMBOULEYRON, Rafael. “Escravos do Atlântico equatorial: tráfico negreiro para o Estado do Maranhão e Pará (século XVII e início do século XVIII)”. In: Revista Brasileira de História, v. 26, p. 79-114, 2006.

CHAMBOULEYRON, Rafael. “Suspiros por um escravo de Angola. Discursos sobre a mão-de-obra africana na Amazônia seiscentista”. In: Humanitas, v. 20, n.1/2, p. 99-111, 2004.

DIAS, Camila Loureiro. L’ Amazonie avant Pombal: Politique, Économie, Territoire. Tese de doutorado, Histoire et Civilisations, Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales, Paris, 2014.

DIAS, Manuel Nunes. A Companhia Geral do Grão-Pará e Maranhão (1755-1778). São Paulo: EdUSP, 1971.

FURTADO, Celso. Formação econômica do Brasil. São Paulo: Cia da Letras, 2007.

HOLANDA, Sérgio Buarque de. Monções. São Paulo: Cia das Letras, 2014.

HULSMAN, Lodewijk. “Escambo e tabaco: o comércio dos holandeses com índios no delta do rio Amazonas”. In: CHAMBOULEYRON, Rafael; SOUZA JUNIOR, José Alves (org.). Novos olhares sobre a Amazônia colonial. Belém: Paka-tatu, 2016, pp. 39-60.

MARONI, Pablo. Notícias Autenticas del famoso Rio Marañon (1738). Iquitos: IIAP-CETA, 1988.

MEIRA, Márcio Augusto Freitas de. A persistência do aviamento: colonialismo e história indígena no noroeste Amazônico. Tese de doutorado, Programa de Pós-graduação em Memória Social, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2017.

MONTEIRO, John M. Tupis, Tapuias e historiadores: estudos de história indígena e do indigenismo. Tese de Livre Docência, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2001.

NOVAIS, Fernando A. Portugal e Brasil na crise do Antigo Sistema Colonial (1777-1808). São Paulo: Editora 34, 2019.

POMPEU, André. “A ação dos cabos de canoas no negócio das drogas do sertão na Amazônia colonial (Séc. XVIII)”. In: SLEMIAN, Andréa; RODRIGUES, Jaime; VILARDAGA, José Carlos; TUFOLO, Marina Passos. (org.). Dinâmicas imperiais, Circulação e Trajetórias no mundo Ibero-Americano. Guarulhos: Departamento de História/UNIFESP, 2020, pp. 306-321.

POMPEU, André. Monções amazônicas: avanço e ocupação da fronteira noroeste (1683-1706). Dissertação de mestrado, Universidade Federal do Pará, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-graduação em História Social da Amazônia, Belém, 2016.

PRADO JR, Caio. Formação do Brasil contemporâneo: colônia. São Paulo: Cia das Letras, 2011.

REIS, Arthur Cézar Ferreira. A política de Portugal no vale Amazônico. Belém: Secretaria de Estado de Cultura, 1993.

ROLLER, Heather F. Amazonian Routes: Indigenous, Mobility and colonial communities in Northern Brazil. Stanford: Stanford Univesity Press, 2014.

SIMONSEN, Roberto. História Econômica do Brasil (1500-1820). 4ª Ed. Brasília: Edições do Senado Federal, 2005.

SOMMER, Barbara Ann. Negotiated settlements: native Amazonias and portuguese policy in Pará, Brazil, 1758-1798. Tese de doutorado, Programa de Pós-graduação em História, Universidade do Novo México, Albuquerque, 2000.

SWEET, David. “Francisca, escrava da terra”. In: Anais da Biblioteca e Arquivo Públicos do Pará, tomo XIII. Belém: Secretaria de Estado da Cultura, Desportos e Turismo, 1983, p. 283-304.

Downloads

Publicado

2021-11-01

Como Citar

José Santos Pompeu, A. . (2021). AS ROTAS DE COMÉRCIO INDÍGENA NA MONTAGEM DA ECONOMIA DAS DROGAS DO SERTÃO AMAZÔNICO (1683-1706). Revista Em Favor De Igualdade Racial, 4(3), 22–35. https://doi.org/10.29327/269579.4.3-3

Edição

Seção

ARTIGOS