REPENSANDO O LUGAR DO INDÍGENA NO BRASIL DA MESTIÇAGEM
DOI:
https://doi.org/10.29327/269579.4.3-2Palavras-chave:
Mestiçagem, Indígena, EstigmasResumo
Este artigo é uma reflexão sobre a utilização do conceito de mestiçagem nas dimensões sociológicas e historiográficas no contexto brasileiro. Nosso objetivo é compreender como a condição mestiça se consolidou como chave-teórica para entender a realidade nacional e como isso relegou aos povos indígenas um lugar preterido, principalmente quando à mestiçagem foi imputada a ideia de distinção. Portanto, fazemos este exercício baseado nas leituras das obras de Renato Ortiz, Serge Gruzinski e Gilberto Freyre, o primeiro nos auxilia com uma linha do tempo sociológica e histórica da intelectualidade nacional, enquanto os dois últimos instrumentalizam o conceito para analisarem realidades mestiça, mexicana e brasileira, respectivamente. Sendo a nossa principal motivação a constatação de que para se garantir direitos, no Brasil, o indivíduo precisa ter consciência de quem é, o que possui e de onde vem, principalmente quando este é indígena. Algo complexo, já que a mestiçagem vista como algo genuinamente brasileiro turva as imagens da realidade brasileira, e produz estigmas sobre os povos indígenas, dificultando a apreensão de suas agências.
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