REPENSANDO O LUGAR DO INDÍGENA NO BRASIL DA MESTIÇAGEM

Autores

  • Liana Rayssa Mota Amorim Programa de Pós-Graduação em Historia - UFMA

DOI:

https://doi.org/10.29327/269579.4.3-2

Palavras-chave:

Mestiçagem, Indígena, Estigmas

Resumo

Este artigo é uma reflexão sobre a utilização do conceito de mestiçagem nas dimensões sociológicas e historiográficas no contexto brasileiro. Nosso objetivo é compreender como a condição mestiça se consolidou como chave-teórica para entender a realidade nacional e como isso relegou aos povos indígenas um lugar preterido, principalmente quando à mestiçagem foi imputada a ideia de distinção. Portanto, fazemos este exercício baseado nas leituras das obras de Renato Ortiz, Serge Gruzinski e Gilberto Freyre, o primeiro nos auxilia com uma linha do tempo sociológica e histórica da intelectualidade nacional, enquanto os dois últimos instrumentalizam o conceito para analisarem realidades mestiça, mexicana e brasileira, respectivamente. Sendo a nossa principal motivação a constatação de que para se garantir direitos, no Brasil, o indivíduo precisa ter consciência de quem é, o que possui e de onde vem, principalmente quando este é indígena. Algo complexo, já que a mestiçagem vista como algo genuinamente brasileiro turva as imagens da realidade brasileira, e produz estigmas sobre os povos indígenas, dificultando a apreensão de suas agências.

Biografia do Autor

Liana Rayssa Mota Amorim, Programa de Pós-Graduação em Historia - UFMA

Graduada em História Licenciatura pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA). Mestranda no Programa de Pós-Graduação em História pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e Pesquisadora no grupo de pesquisa Indígenas na História do Maranhão.

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Publicado

2021-11-01

Como Citar

Mota Amorim, L. R. (2021). REPENSANDO O LUGAR DO INDÍGENA NO BRASIL DA MESTIÇAGEM. Revista Em Favor De Igualdade Racial, 4(3), 04–21. https://doi.org/10.29327/269579.4.3-2

Edição

Seção

ARTIGOS