O DEBATE SOBRE O RACISMO REVERSO

A NEGAÇÃO DO CONCEITO PELO VIÉS HISTÓRICO-SOCIAL

Resumo

O avanço dos movimentos ultraconservadores ao longo da última década fez emergir novos entendimentos sobre alguns fenômenos sociais historicamente consolidados em nosso país, entendimentos e compreensões (re)significadas pela manipulação pública da negação do conhecimento científico como promotor do desenvolvimento humano e social, a presença de uma forte agenda nacionalista e uma falsa noção de superioridade racial na subjetividade dos sujeitos. O fenômeno do racismo é um bom exemplo da tentativa de uma classe privilegiada na desconstrução do conceito de forma a não apenas negar a sua existência, mas sim flexibiliza-la de forma a possibilitar uma inversão do fato social concreto na idealização de uma suposta perspectiva “teórica-histórica” de preconceito e discriminação aos indivíduos não-negros, temos assim a criação do “racismo reverso”. Na busca de elucidar a negativa da existência do termo como “conceito”, o ensaio aqui apresentado se manifesta de forma a evidenciar o equívoco apresentado em sua concepção. Partindo do pressuposto da organização social como uma estrutura estruturante, utilizamos o ajuizamento imbricado no regramento jurídico ao longo da história do Brasil como elemento constitutivo de análise. Conceber a ideia de racismo reverso como existente significa negar veementemente o contexto histórico-cultural da sociedade brasileira, possibilitando um enfraquecimento dos debates e da agenda antirracista nacional.