MUSEU ITINERANTE BALAIO DA CAPOEIRA

REPRESENTAÇÃO ESTÉTICA, REPRESENTATIVIDADE POLÍTICA E A PESQUISA EM EDUCAÇÃO

Autores

  • Daniel Silva Porto Museu Itinerante Balaio da Capoeira

DOI:

https://doi.org/10.29327/269579.4.2-8

Palavras-chave:

Capoeira, Museu-itinerante, Educação, Mediação Cultural

Resumo

Esse artigo analisou o caso do Museu Itinerante Balaio da Capoeira - MIBC, no contexto do processo de ressignificação dos museus e da capoeira no Brasil, no final do século XIX e início do século XX até a contemporaneidade. Atento às mudanças no olhar sobre o papel e lugar do negro, ao reconhecimento de novas categorias de saber presentes nos patrimônios culturais imateriais, às legislações específicas, às exposições ontem e hoje com seus diferentes dispositivos de pensar e mediar a cultura, às mudanças nos discursos sobre a cultura afro-brasileira e suas imbricações na pesquisa em educação. A transição no lugar e papel do negro e da cultura afro-brasileira representa uma série de conquistas institucionais expressas na formulação de leis e políticas públicas específicas no final do século XX e início do século XXI. Entre elas, o reconhecimento da capoeira como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil em 2008. Os artefatos, objetos e as memórias dos sujeitos históricos presentes no acervo MIBC, simbolizam conquistas no campo social, político e estético; outros desafios surgem no processo de salvaguarda desses bens culturais: Como é possível combater o racismo sem uma educação antirracista? Como a educação, o ensino de arte, literatura e história podem interagir nesse processo? A mediação cultural indica alguns caminhos, em que a formação docente pode ser qualificada no sentido de relacionar as leis inclusivas e o patrimônio cultural afro-brasileiro no cotidiano escolar. Foi utilizada a metodologia da observação participante a partir das impressões do público ao assistir o documentário que narra a história de criação do MIBC, e da visitação ao acervo mediada por seu idealizador mestre Noventa. Os grupos sociais e étnico-culturais construíram diferentes compreensões a respeito da capoeira a partir de sua musealização proposta pelo MIBC.

Biografia do Autor

Daniel Silva Porto, Museu Itinerante Balaio da Capoeira

Sou graduado em História com Licenciatura e Bacharelado - PUC/2003, especialista no Ensino de Artes Visuais pela Escola de Belas Artes da UFMG 2013/16, e mestre em educação pela UEMG/2018. Atuo há 20 anos na área da educação e cultura, no desenvolvimento, gestão e monitoramento de projetos culturais. Sou professor do Colégio SESC de Teófilo Otoni-MG e da rede estadual de ensino de Minas Gerais. Fui um dos fundadores e presidente da Associação Rede Catitu Cultural, que dentre suas ações, destaco o 1º Seminário de Patrimônio Imaterial de MG - 2010 e o Museu Itinerante Balaio da Capoeira contemplado no Programa Nacional do Patrimônio Imaterial - IPHAN/2012, que foi objeto de pesquisa na especialização e no mestrado. Em 2011/2012 trabalhei como Diretor de Apoio na Secretaria Municipal de Cultura de Ribeirão das Neves-MG, contribuindo na elaboração do Plano Municipal de Cultura do Município e no suporte a pesquisa e produção do Inventário da Irmandade do Rosário de São Benedito. Fiz parte da comissão curadora da Exposição de Lançamento do Centro de Referência da Cultura Popular Lagoa do Nado/ Fundação Municipal de Cultura -FMC/BH/MG - 2014. Trabalhei como tutor no curso de Formação para Elaboração de Planos Municipais de Cultura - UFBA/MINC 2014/2015, e UEMG/MINC 2017, que deu suporte a municípios para elaboração de seus planos municipais de cultura.

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Publicado

2021-05-26

Como Citar

Silva Porto, D. (2021). MUSEU ITINERANTE BALAIO DA CAPOEIRA: REPRESENTAÇÃO ESTÉTICA, REPRESENTATIVIDADE POLÍTICA E A PESQUISA EM EDUCAÇÃO. Revista Em Favor De Igualdade Racial, 4(2), 82–96. https://doi.org/10.29327/269579.4.2-8

Edição

Seção

ARTIGOS