UM OUTRO OLHAR SOBRE A REPRESSÃO SOFRIDA PELOS CALUNDUS NO NORDESTE E SUDESTE DO BRASIL
SÉCULOS XVI A XVIII
DOI:
https://doi.org/10.29327/269579.4.2-3Palavras-chave:
Calundu. Intolerância. Período Colonial.Resumo
O presente artigo objetiva abordar os prognósticos das práticas religiosas de origem africana no Brasil, com ênfase no período dos séculos XVI a XVIII, nas regiões Sudeste e Nordeste do Brasil. Elucidaremos aqui os ritos religiosos que ficaram conhecidos como “calundus” no âmbito do período colonial, bem como demonstrar, com base nas fontes bibliográficas e documentais, seguindo o método exploratório e explicativo, por meio de uma pesquisa bibliográfica, evidências que justificam que os Calundus do Período Colonial, em um primeiro momento, não foram tão perseguidos pelas autoridades cristãs, levando-se em conta o fato de eles terem uma certa aceitação por parte da população branca e alguns de seus praticantes conseguirem se estabelecerem financeiramente com suas práticas religiosas. Por fim, busca-se compreender as razões pelas quais estas práticas passaram a ser reprimidas pela Igreja, lançando um novo olhar para a repressão aos Calundus, percebendo que estes não foram perseguidos por se ocultarem, mas por tornarem-se evidentes aos olhos da Igreja. A relevância das análises mais detalhadas das origens das religiões de matrizes africanas justifica-se pela importância da possibilidade de um resgate histórico de identidades, dignidades e humanidades roubadas pelos colonizadores, os quais negavam a alteridade africana através dos seus preceitos e do seu exercício da colonialidade do poder e do encobrimento do outro a fim de compreender a cultura brasileira em seus diversos aspectos.
PALAVRAS-CHAVE: Calundu. Intolerância. Período Colonial.
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