QUANDO A MEMÓRIA É RESSIGNIFICADA EM LUTA PELA POSSE DA TERRA

A USINA ARIADNÓPOLIS (1908), O ACAMPAMENTO DO MST QUILOMBO CAMPO GRANDE (1998) E OS EMBATES DE MEMÓRIA – CAMPO DO MEIO, MG

Autores

  • Henrique Wellerson Rodrigues Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ)

DOI:

https://doi.org/10.29327/269579.4.2-10

Palavras-chave:

Embates e usos da Memória, Usina Ariadnópolis, MST e quilombos

Resumo

Os presentes embates de memórias percebidos no atual município de Campo do Meio, Minas Gerais, são frutos das tentativas de desapropriação do território da antiga usina de açúcar Ariadnópolis, que, desde 1996 se tornou acampamento do Movimento dos Sem-Terra – MST, após a falência do empreendimento que instaurou um conflito entre os antigos proprietários e os trabalhadores que foram demitidos sem devida assistência trabalhista. Esse artigo se propõe a pensar a construção da memória da produção açucareira, visando compreender os usos do passado nas lutas sociais e políticas da contemporaneidade. Por meio de reportagens contemporâneas e das décadas anteriores, uma análise de uma "História vista por baixo" é realizada, inserindo ainda a discussão no campo da História do Tempo Presente. Assim, as diferentes apropriações dos discursos construídos a partir da memória da Usina Ariadnópolis são reapropriados para os embates legais e, sociais como um todo, para o direito à posse das terras, e também, da legitimação de um discurso dito oficial acerca da história do município.

 

Biografia do Autor

Henrique Wellerson Rodrigues, Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ)

Licenciado em História pela Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ). É mestrando pelo programa de Pós-Graduação em História da mesma instituição (PGHIS-UFSJ). Trabalha com a História sociocultural e religiosa do Sul de Minas Gerais na segunda metade do século XIX e século XX. É pesquisador no projeto de extensão Laboratório de Imagem e Som do Departamento de Ciências Sociais (DECIS) - LIS da UFSJ. Atua com pesquisas também no CEPHAP - UFSJ: Centro de Estudos e Pesquisas em História da Arte e Patrimônio e entornos da Universidade Federal de São João del-Rei.

Referências

ANDRADE, Marcos Ferreira de. Elites regionais e a formação do estado imperial brasileiro: Minas Gerais – Campanha da Princesa (1799-1850). 2ªed. Belo Horizonte, MG: Fino Traço, 2014.

BATALHA, Cláudio H. M.; SILVA, Fernando T. da.; FORTES, Alexandre (orgs.). Culturas de classe. Campinas, Unicamp, 2004, p.293.

COELHO, Fabiano. Por uma Memória Histórica: reflexões sobre a mística no MST. XXVII Simpósio Nacional de História: conhecimento histórico e diálogo social. ANPHUH, Natal, RN, 22 a 26 de julho de 2013.

FERREIRA, Marieta de Moraes. História Oral: velhas questões, novos desafios. In: CARDOSO, Ciro Flamarion e VAINFAS, Ronaldo (orgs). Novos domínios da História. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.

FRAGOSO, João Luís Ribeiro; ALMEIDA, Carla Maria Carvalho de; SAMPAIO, Antônio Carlos Jucá de. Conquistadores e Negociantes: História de Elites no Antigo Regime nos trópicos. América lusa, séculos XVI a XVIII. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007.

FREYRE, Gilberto. Casa Grande & Senzala: formação da família brasileira sob o regime da economia patriarcal. 51ª ed. São Paulo: Global Editora, 2006.

GODOY, Marcelo Magalhães. Cana-de-açúcar e tradição: breve ensaio sobre o evolver histórico do setor canavieiro de Minas Gerais. Belo Horizonte: Instituto Cultural Flávio Gutierrez - Museu de Artes e Ofícios, 2003.

GOMES, Ângela Maria de Castro. Cidadania e direitos do trabalho. Coleção Descobrindo o Brasil. 1ª ed. RJ: Zahar, 2002.

HALBAWACHS, Maurice. A Memória Coletiva. São Paulo: Editora Vértice, 1990.

IBGE. Campo do Meio. 2017. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/mg/campo-do-meio/historico. Acesso em: 08/03/2021.

JELIN, Elizabeth. Víctimas, familiares y ciudadanos/as: las luchas por la legitimidad de la palavra. In: Cadernos Pagu, Campinas, n. 29, julho-dezembro de 2007.

LOURENÇO, A.; SOUZA, A.; VALE, A. A luta pela terra no sul/sudoeste de Minas Gerais: o espaço da resistência e o território conquistado. Minas Gerais: UNIFAL, 2010.

LOURENÇO, A.; VALE, A. Os conflitos de terras em Campo do Meio no contexto da questão agrária no Sul de Minas. s/d. Disponível em: https://www.historia.uff.br/estadoepoder/7snep/docs/013.pdf. Acesso em 08/03/2020.

MARCARI, Maria de Fátima Alves de Oliveira. Entre a nostalgia e o Dever de Memória: A narrativa memorialística de Alfons Cervera. Revista de Literatura, História e Memória. VOL. 8 - Nº 12. Unioeste, Cascavel, 2012.

MOTTA, Cláudia. Despejo imoral, desumano, ilegal: Quilombo Campo Grande resiste. Rede Brasil Atual. 27/08/2020. Disponível em: https://www.redebrasilatual.com.br/cidadania/2020/08/quilombo-campo-grande-resiste-escola-eduardo-galean/. Acesso em: 06/03/2021

POLLAK, Michel. Memória e Identidade Social. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, vol. 5, n. 10. 1992.

PRADO JUNIOR, Caio. Formação do Brasil Contemporâneo. São Paulo: Brasiliense, 1983.

RICOEUR, Paul. O perdão pode curar? Lusosofia: press. Tradutor: José Rosa. Disponível em: http://www.lusosofia.net/textos/paul_ricoeur_o_perdao_pode_curar.pdf. Acesso em: 29/11/2019.

RIOS, Ana Maria e MATTOS, Hebe Maria. O pós-abolição como problema histórico: balanços e perspectivas. Topoi. v. 5. n. 8. jan.-jun. 2004. p. 172. Nessa perspectiva, como também referenciado pelas autoras, consultar o trabalho: MACHADO, Maria Helena. O plano e o pânico. Os movimentos sociais na década da abolição. Rio de Janeiro: UFRJ/EDUSP, 1994.

RODRIGUES, João Lucas. Serra dos pretos: trajetórias de famílias entre o cativeiro e a liberdade no Sul de Minas (1811-1960). Dissertação de mestrado. Universidade Federal de São João del-Rei. Departamento de Ciências Sociais – DICIS/UFSJ. 2013.

SILVA, Gustavo Felipe. Ariadnópolis: em busca de identidade. TCC. Fundação de Ensino e Pesquisa do Sul de Minas – FEPESMIG. UNIS: Varginha, 2018. Págs. 14-16.

SOUSA, Alex Cristino de; LOURENÇO, A. As primeiras ocupações de terra nas áreas da ex-usina de cana-de-açúcar Ariadnópolis, no município de Campo do Meio-MG: a história dos acampamentos Girassol e Vitória da Conquista. Disponível em: https://www.uniara.com.br/legado/nupedor/nupedor_2010/00%20textos/sessao_4A/04A-06.pdf. Acesso em: 07/03/2021.

SOUSA, Gerson de. A memória subterrânea na narrativa do espaço urbano: contribuição teórica para a folkcomunicação. XII Conferência Brasileira da Folkcomunicação. RIF. Ponta Grossa/PR. Volume 11. Número 22. jan./abr. 2013.

SOUZA, Marcelle. Usina Ariadnópolis tenta retomar terra ocupada por ex-funcionários há 20 anos. Novacana.com. Repórter Brasil - 28 nov 2018 - 08:21. Disponível em: https://www.novacana.com/n/cana/trabalhadores/usina-ariadnopolis-retomar-terra-ocupada-ex-funcionarios-20-anos-281118. Acesso em: 29/11/2019.

TODOROV, Tzvetan. Los abusos de la memoria. Barcelona: Paidós, 2000.

USINA ARIADNOPOLIS CAMPO DO MEIO. Monólogo e Narração de Sônia Reis Oliveira. Edição e Imagens de Márcio Araújo Azevedo (1983). Projeto Usina de Alba Moscardini Assunção. Capa original de Thiago Spada. Editado em 05 de maio de 2008. Publicado por: Jaffer Veronezi, em 2011. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=FG13n5mkNxs. Acesso em: 29/12/2019.

Downloads

Publicado

2021-05-26

Como Citar

Wellerson Rodrigues, H. (2021). QUANDO A MEMÓRIA É RESSIGNIFICADA EM LUTA PELA POSSE DA TERRA: A USINA ARIADNÓPOLIS (1908), O ACAMPAMENTO DO MST QUILOMBO CAMPO GRANDE (1998) E OS EMBATES DE MEMÓRIA – CAMPO DO MEIO, MG. Revista Em Favor De Igualdade Racial, 4(2), 112–126. https://doi.org/10.29327/269579.4.2-10

Edição

Seção

ARTIGOS