PSICOLOGIA DO BEM VIVER
reflexões sobre psicologia e povos indígenas
Abstract
Este trabalho em construção apresenta uma visão geral das primeiras leituras sobre uma perspectiva psicológica sobre o Bem Viver, que vem despontando como uma alternativa de relação com a natureza e as pessoas, geradas a partir de uma psicologia arquetípica latino-americana, e que fundamentará um projeto de pesquisa sobre a temática. Os primeiros movimentos ocorreram em Brasília e São Paulo, como forma de ajudar a entender um processo novo e recente que é a relação da Psicologia e Povos Indígenas. A pesquisa bibliográfica será amparada nos autores: Paulo Roberto Maldos (2010); Luiz Eduardo Berni (2010); Lumena Teixeira (2016) e Alberto Acosta (2016). Verifica-se, nos resultados iniciais, uma importante inter-relação entre a psicologia e o Bem Viver, pois essa inter-relação tende dar visibilidade ao mecanismo de resistência e luta dos povos indígenas; além de representar uma reviravolta na inversão de valores e posturas que conduzem a vivência e suas escolhas. Para Acosta (2016), o “Bem Viver” é diferente de “viver bem”: o viver bem está intimamente ligado a uma atitude psicológica fundamentada no capitalismo consumista, em que o fundamento primeiro e último é “consumir”; quando mais se consome, melhor se está (nessa concepção). O Bem Viver fundamenta-se no modo como ocorre o relacionamento consigo, com os outros, com a natureza e as coisas ao redor: não somos valorados pelo que consumimos, mas pelo modo como usufruímos das coisas. Dessa forma, estudos iniciais em Psicologia do Bem Viver mostram que concepções e/ou o reconhecimento das subjetividades indígenas podem contribuir para a compreensão de outras possibilidades de relação com o mundo. Em Brasília, no ano de 2004, aconteceu o Seminário Nacional Subjetividade e Povos Indígenas, realizado pelo Conselho Federal de Psicologia com a parceria do Conselho Missionário Indigenista. O Conselho Regional de Psicologia do Estado de São Paulo é pioneiro em aproximação da Psicologia Indígena e publicou dois trabalhos de síntese: Psicologia e Povos Indígenas (2010) e Povos Indígenas e Psicologia: A Procura do Bem Viver (2016). Assim, a partir desses textos, verifica-se que o Bem Viver é um princípio ético-moral no qual sujeito se reconhece como parte de uma totalidade, numa relação de interdependência onde todos estão interligados: o sujeito não é mais importante que o entorno, e que, como parte do entorno, conduz a uma atitude de respeito à natureza e respeito às relações interétnicas e interpessoais em primeiro lugar. E essa forma de vida e de valoração das atitudes é um testemunho fundamental de que outro modo de orientar a vivência e as relações é possível.
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